Na última sexta-feira, Rute Cardoso voltou a surgir em público num momento de profunda carga emocional, visitando o memorial que os adeptos do Liverpool criaram à porta do Estádio de Anfield, em homenagem a Diogo Jota e ao irmão, André Silva, ambos vítimas do trágico acidente de viação em Espanha, no passado dia 3 de julho. A jovem, que viveu ao lado de Jota durante os últimos anos em Inglaterra, procurou ali encontrar algum conforto no meio da dor imensa que continua a atravessar.
O memorial, coberto por cachecóis, flores e mensagens comoventes, tornou-se um símbolo não só da devoção dos adeptos do Liverpool ao jogador português, mas também da solidariedade que o mundo do futebol tem demonstrado à família enlutada. Desde companheiros de equipa a simples adeptos, todos quiseram deixar uma marca da sua presença e respeito por quem partiu cedo demais.
Um pormenor da presença de Rute Cardoso não passou despercebido: a escolha de vestir branco, tal como fizera no funeral e no velório. Longe do luto tradicional, a cor branca transporta, aqui, um significado mais íntimo e pessoal. É associada à paz, à espiritualidade e a uma certa procura de serenidade no meio do caos emocional. Para quem acompanhou todo este percurso recente de Rute, esta escolha é lida como um gesto silencioso de amor e esperança. Afinal, foi também de branco que trocou alianças com Diogo Jota, apenas onze dias antes da tragédia.
A dor é agora permanente, mas os três filhos que partilhava com o avançado português e as memórias que construiu ao seu lado tornam-se força para seguir em frente. No estádio, ao lado de figuras como Virgil van Dijk, Luis Díaz e Curtis Jones, a viúva procurou honrar uma última vez aquele que marcou não só o futebol inglês, mas também a vida de todos os que o rodeavam.
O Liverpool, numa decisão que reflete o peso da perda, anunciou que irá retirar a camisola número 20 de todos os escalões do clube, eternizando Diogo Jota na história do emblema de Anfield. No próximo jogo frente ao Preston North End, será feita uma nova homenagem, onde não faltará o hino “You’ll Never Walk Alone”, interpretado em memória do jogador, bem como a deposição simbólica de uma coroa de flores.
Estes gestos, por mais simples que pareçam, são a prova de como o futebol, para lá da competição, tem ainda a capacidade de unir na dor e na esperança.
Rute Cardoso, no seu silêncio e na sua dor, tornou-se também, de forma involuntária, um exemplo de resiliência. Porque há amores e perdas que se prolongam para além da vida.