A dor ainda é muito recente e as imagens continuam a comover todos os que, de perto ou de longe, acompanharam a tragédia que tirou a vida a Diogo Jota e ao seu irmão, André Silva. No Estádio de Anfield, em Liverpool, onde o memorial criado pelos adeptos cresce a cada dia, a presença de Rute Cardoso, viúva do internacional português, não passou despercebida.
Rute, visivelmente emocionada, fez questão de marcar presença ao lado da família de Diogo Jota e dos antigos companheiros de equipa do jogador, participando assim num momento carregado de simbolismo e dor. O Liverpool organizou esta homenagem interna antes do primeiro jogo de preparação da nova temporada e quis envolver diretamente todos aqueles que tinham laços mais próximos com o atleta desaparecido.
Porém, num momento que deveria ser exclusivamente de respeito e recolhimento, as redes sociais voltaram a provar que não conhecem limites. A escolha do vestido usado por Rute Cardoso, considerado por alguns como “curto demais” para uma cerimónia de luto, acabou por gerar uma onda de comentários que rapidamente se espalharam entre adeptos e curiosos. Multiplicaram-se opiniões sobre o que seria ou não adequado vestir num momento tão delicado. Para uns, não se trata de roupa ou de aparências, mas sim da dor que cada pessoa carrega e da forma como escolhe ou consegue enfrentá-la. Outros, porém, não perdoaram e fizeram questão de apontar o dedo.
É mais uma prova de como, mesmo nos momentos de maior sofrimento, o julgamento público se faz sentir, esquecendo que cada pessoa tem o direito de viver o seu luto à sua maneira, sem ser alvo de censura gratuita. Rute Cardoso tem sido, desde o início desta tragédia, alvo de atenção mediática, especialmente depois de ver as suas redes sociais crescerem de forma avassaladora em seguidores. No entanto, esta exposição trouxe consigo não só palavras de carinho e solidariedade, mas também o peso da opinião pública em torno de cada detalhe da sua vida.
Enquanto muitos se detêm em detalhes superficiais, a família continua a lidar com a perda devastadora de dois filhos, de dois irmãos, num acidente que deixou marcas profundas em todos os que os conheciam. O próprio plantel do Liverpool fez questão de prestar tributo, levando rosas vermelhas e brancas até ao memorial improvisado em Anfield, onde o silêncio, as lágrimas e a dor falaram mais alto do que qualquer comentário feito nas redes sociais.
Rute, por sua vez, tem tentado manter a discrição que sempre pautou a sua vida ao lado de Diogo Jota. Participou na homenagem não para ser vista, mas para dizer um último adeus, para manter viva a memória daquele que foi, para ela e para os filhos, muito mais do que um jogador de futebol.
Num momento tão frágil e pessoal, talvez a pergunta mais justa seja outra: quem somos nós para julgar a forma como alguém chora?
