Família de Cristiano Ronaldo reage às críticas: “O meu irmão não é máquina. A dor sente-se de forma diferente.”
O último adeus a Diogo Jota e ao irmão, André Silva, realizou-se este sábado, em Gondomar, numa cerimónia marcada pela comoção e pela presença de centenas de pessoas, entre as quais colegas da Seleção Nacional, jogadores do Liverpool FC e familiares próximos das vítimas. Contudo, um tema acabou por desviar parte das atenções do momento de luto: a ausência de Cristiano Ronaldo. O capitão da Seleção Nacional não esteve presente nas cerimónias fúnebres, o que deu origem a várias reações e críticas públicas nas redes sociais e nos meios de comunicação.
Kátia Aveiro sai em defesa do irmão: “É uma ausência sábia”
Face à onda de comentários e especulações, Kátia Aveiro, irmã de Cristiano Ronaldo, foi a primeira da família a reagir. Numa publicação nas redes sociais, criticou duramente a atenção mediática dada à ausência do craque do Al-Nassr, classificando como “vergonhoso” o comportamento da imprensa e dos comentadores.
“É absurdamente vergonhoso ver canais de televisão, comentadores, redes sociais a dar ênfase a uma ausência (sábia) do que homenagear com respeito uma família que passa pela perda de dois irmãos”, afirmou.
Kátia explicou que a decisão do irmão não marcar presença se prende com o impacto inevitável da sua figura pública. A irmã do internacional português considera que, independentemente das boas intenções, a presença de Cristiano Ronaldo atrairia atenções desnecessárias, desviando o foco daquilo que era realmente importante: homenagear as vítimas e respeitar a dor da família.
“Onde ele vai é motivo de aparato. O meu irmão não pode ir a casamentos; não pode ir a uma festa, por exemplo, de um sobrinho ou de um evento meu, porque se perderia também o foco do objetivo. Ele esteve sempre limitado nesses momentos pela exposição. O meu irmão não pode ir a um café ou a uma esplanada por razões óbvias”, explicou.
Memórias de outro luto: o funeral do pai de Ronaldo
Kátia Aveiro foi mais longe e recordou o dia do funeral do pai, Dinis Aveiro, há 19 anos, uma altura em que a família também se viu obrigada a lidar com a pressão e o desrespeito mediático.
“No funeral do meu pai tivemos de lidar com uma enchente de câmaras e curiosos no cemitério. Foi uma destruição total num cemitério nunca antes vista, sem respeito nenhum. E não era para prestar homenagem, como devem calcular.”
“Cristiano não é máquina, tem sentimentos”
A irmã do jogador não escondeu a sua revolta perante o que apelida de obsessão mediática em torno de Cristiano Ronaldo, reforçando que o irmão tem direito a viver a dor e o luto como entender.
“Vocês devem ter um trauma qualquer, uma obsessão pelo meu irmão. Devem achar que ele é tipo máquina, que não tem sentimentos. Ele sabe o que está a fazer. A dor de cada um só nós é que sabemos como é que passamos. A forma de passar por isto, cada um sabe. Isto é uma coisa que é ridícula…”, desabafou.
Respeitar o luto alheio
O episódio volta a levantar uma reflexão sobre os limites da exposição pública e da curiosidade mediática, sobretudo em momentos de dor íntima e familiar. A ausência de Cristiano Ronaldo, independentemente das interpretações públicas, foi uma decisão pessoal e ponderada, assente no respeito pela privacidade dos que mais sofrem.