Phil Babb, ex-defesa central do Sporting, concedeu recentemente uma entrevista ao portal Tribal Football onde abriu o baú de memórias para recordar os primeiros passos de Cristiano Ronaldo na equipa principal leonina. O antigo internacional irlandês desempenhou um papel especial na integração do jovem madeirense, tornando-se uma espécie de “padrinho” quando CR7 deu o salto da formação para o plantel principal.

Segundo Babb, a primeira impressão ficou gravada na memória. O então miúdo de apenas 16 anos, “muito franzino” e com madeixas no cabelo, chegou cheio de confiança e não hesitou em enfrentar jogadores experientes nos treinos. “Lembro-me do primeiro treino porque dei-lhe uma porrada”, contou entre risos. “Ele começou a tentar fazer malabarismos e fintas sobre mim. Eu, já com 30 anos e muitos anos de futebol, tive de impor respeito. Meti o pé, à moda antiga, e deixei-o marcado. Gosto de acreditar que esse momento mudou a carreira dele para sempre.”

Apesar de reconhecer que Cristiano Ronaldo já mostrava técnica, velocidade e um toque de bola promissor, Phil Babb admitiu que, naquela altura, não imaginava que o jovem madeirense atingisse o estatuto que hoje tem. Na verdade, a sua aposta era noutro talento emergente do Sporting: Ricardo Quaresma.

“Naquele momento, se tivesse de escolher entre Ronaldo e Quaresma, diria que o Quaresma era melhor jogador. Ele já estava a jogar regularmente na equipa principal, enquanto o Ronaldo passava muito tempo no banco. Mas o Cristiano tinha qualidades inegáveis: explosão, velocidade e um toque de bola muito refinado para a idade. Acabou por trabalhar de forma incansável para elevar o seu jogo e isso levou-o ao Manchester United e, mais tarde, ao Real Madrid.”

Babb reconhece que o que distingue Cristiano Ronaldo é o facto de ter construído o seu talento ao longo dos anos, transformando o físico e aprimorando cada detalhe técnico. “Ronaldo não nasceu com tudo pronto, como no caso do Lionel Messi, que desde jovem tinha um centro de gravidade baixo e pés incrivelmente rápidos, quase como um dom natural. O Cristiano foi moldando-se: passou de um adolescente magro para um atleta com físico de Adônis, fruto de treino diário, dedicação e disciplina. Ele ficava sempre mais tempo em campo para treinar finalizações, arrancadas e movimentos específicos. É essa ética de trabalho que, para mim, o torna o melhor de sempre.”

Phil Babb concluiu afirmando que, vendo de onde Ronaldo veio e o que alcançou, a sua carreira é verdadeiramente inspiradora: “O percurso dele é incrível. Mostra que, com trabalho árduo e determinação, é possível atingir o topo mundial. Para mim, é o melhor jogador de todos os tempos, não só pelo talento, mas pelo esforço e pela mentalidade vencedora que o trouxeram até aqui.”