Rute Cardoso e Diogo Jota: Uma História de Amor à Antiga, Feita de Coragem, Renúncias e Lealdade
É uma daquelas histórias que parecem retiradas de um romance, um conto de fadas dos tempos modernos. Rute Cardoso e Diogo Jota conheceram-se ainda adolescentes, com apenas 15 anos, nos corredores de uma escola em Gondomar, sem saberem, na altura, que aquele amor inocente viria a atravessar fronteiras, vencer a distância e suportar as tempestades mais cruéis que a vida pode trazer.
Começaram a namorar nessa idade terna em que quase tudo parece um sonho distante, mas rapidamente a relação revelou uma maturidade invulgar para a juventude de ambos. Quando Jota começou a dar os primeiros passos mais sérios na sua carreira futebolística, Rute não hesitou em acompanhá-lo, mesmo que isso significasse renunciar a partes importantes da sua própria vida.
Em 2017, quando o jovem avançado português rumou a Espanha para representar o Atlético Madrid, Rute fez as malas e partiu com ele, deixando para trás não apenas o conforto da sua terra e da sua casa, mas também os sonhos académicos que tinha planeado seguir e o convívio com a família, em especial com os dois sobrinhos, que na altura ainda eram crianças.
“Já namoramos há quatro anos e com a vida dele faz sentido acompanhá-lo. Além de namorada e melhor amiga, sou a fã número 1, quero estar presente”, confidenciou numa entrevista da época.
Essas palavras resumiam na perfeição aquilo que se viria a confirmar com o passar dos anos: Rute não era apenas a companheira, era o suporte, a força silenciosa por trás de um dos maiores talentos portugueses da sua geração. Enquanto muitos à sua volta viam apenas a ascensão meteórica do jogador, poucos conheciam o lado humano e íntimo dessa caminhada, feita de renúncias discretas, de recomeços em países estranhos, de saudades caladas para não pesar no coração de quem precisava estar concentrado no relvado.
Durante mais de uma década juntos, construíram uma relação sólida, cúmplice, marcada pela admiração mútua e pelo amor inabalável. Casaram-se em junho de 2025, numa cerimónia discreta e carregada de significado para ambos, rodeados de amigos e familiares. Dessa união nasceram três filhos: Dinis, Duarte e a pequena Mafalda, o maior orgulho do casal e a concretização de um projeto de vida que parecia ter tudo para ser eterno.
Rute acompanhou Diogo Jota em todas as etapas da sua carreira: Paços de Ferreira, Atlético Madrid, Wolverhampton e Liverpool. Estava ao seu lado nos dias de glória, mas sobretudo nos dias em que o peso da distância, das lesões ou das críticas ameaçava abalar até o espírito mais resiliente.
Mais do que uma companheira, Rute foi a testemunha silenciosa da transformação do rapaz de Gondomar no ídolo de milhões.
Tragicamente, a história interrompeu-se demasiado cedo, no dia 3 de julho de 2025, com a morte de Diogo Jota e do irmão, André Silva, num acidente que deixou não só o futebol português em estado de choque, mas também um vazio imenso no coração de quem acompanhou este amor desde o início.
O nome de Rute Cardoso ficará para sempre ligado não apenas ao percurso desportivo de Jota, mas à mais bonita prova de que o amor verdadeiro resiste ao tempo, à distância e às circunstâncias. Agora, resta-lhe reconstruir-se com a força dos filhos e com as memórias de uma vida partilhada com quem foi, e será para sempre, o amor da sua vida.